terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Mulher

É muito fácil pegar numa revista feminina, um site popular (nem precisa ser assim tanto), um anúncio de publicidade, uma série super engraçada para perceber que por todo lado existe pressão feminina. Pressão para que cada mulher esteja a todas as horas e minutos do dia no seu máximo esplendor. Mesmo que tenha acabado de pular da cama há 5 minutos atrás.

Cabe ao seio feminino ter sempre o cabelo arranjado, unhas de gel sempre perfeitas e aí delas que ousem ter um singelo pêlo nas pernas (mesmo que estejamos em pleno inverno e andes 7 dias por semana de calças). No seu íntimo cada mulher sente que deve cumprir todos estes "requisitos" e mais alguns para poder senti-se 100% confiante em sociedade. Quer dizer, pelo menos parecer, né?
Há uns dois anos atrás eu era toda a descrição acima anunciada. Eu pintava e tingia todos os meses o meu cabelo. Eu pesava-me para ter a certeza que o meu rabo era aquilo a que se pode chamar "fit" (sinto tanta vergonha por confessá-lo...). Eu tinha a manutenção das unhas marcada para o dia 28 de cada mês (todos os meses!). E sabem que mais? Eu não me sentia eu na minha totalidade. A minha confiança era uma autêntica fachada.

Para que todas as fases da vida sejam aceites e sobretudo ultrapassadas, é necessário amadurecer. Eu amadureci. Hoje posso dizer com toda a confiança que não pinto mais as unhas e não há mais tinta sobre os meus fios. Hoje as minhas unhas têm um tão rosa natural e tão bonito que eu não poderia ser mais apaixonada por elas do que aquilo que sou neste momento. O meu cabelo respira saúde e os meus 53kg já me fizeram alcançar 1 maratona e a corrida matinal todos os santos dias. De certo não sou tão "vistosa" como há uns anos atrás, contudo, aos meus olhos sei o valor que tenho e reconheço em mim a beleza enorme que me constituí -  a mim e a todas as mulheres.

Cabe a ti mesma assumires o que queres, o que gostas de vestir, a forma como gostas de usar o cabelo (e não, não é só o cabelo comprido que dá à mulher um ar de mulher!), se deves ou não frequentar um ginásio. As mulheres ainda são muito duras umas com as outras. Não existe solidariedade. Há sempre um apontar de dedo, um comentário ou mesmo um olhar crítico para outra semelhante a nós que apenas é diferente e gosta (e tem coragem) de o ser.  Só depois de reflectirmos bem sobre tudo isto e percebermos que se queremos ter um estatuto igual ao dos homens e sermos reconhecidas por aquilo que factualmente somos (e não por aquilo que esperam que sejamos) é que podemos fortalecer a nossa virtude. Aquilo que nos torna únicas. Aquilo que faz de nós guerreiras e gladiadoras. Aquilo que faz de nós mulheres.

Claúdia

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