domingo, 14 de janeiro de 2018

Banalidades #1

Cada vez se torna mais fácil comunicarmos uns com os outros. No tempo dos nossos avós e (também) dos nossos pais, para encurtar a distância de alguns amigos e familiares utilizávamos a rede fixa (telefone) ou então muito simplesmente escrevíamos uma carta. Sou do tempo em que todos os natais (desde que aprendi a capacidade de juntar palavras e assim formar textos) escrevia um postal de boas festas à minha madrinha. Este comportamento era recíproco da sua parte, na medida em que conseguia que eu na altura uma miúda cheia de genica e curiosidade tremenda, ficasse expectante sobre o postal que ela teria escolhido nesse ano. Todos os anos um postal diferente. Diferente nas cores, feitio, imagem. Então nos últimos anos... Até música tocavam os postais! Lia e relia todas as frases e palavras carinhosas de alguém que me é querido e que me demonstrava todo o seu carinho pelas palavras calorosas escritas em tinta da sua caneta Parker (quem não se recorda desta marca de canetas tão conceituada?).
Hoje as sms e redes sociais substituíram quase a 100% a caligrafia desenhada da minha madrinha. Hoje a rapariga com "bichos carpinteiros" é uma mulher e já perdeu o hábito de todos os natais se dirigir aos correios da vila para endereçar um postal de boas festas e com ele uma enorme saudade.

Os tempos mudaram, tal e qual as nossas vidas. Contudo, e sem retirar a importância deste desenvolvimento tecnológico e electrónico, nada é tão mágico como uma carta escrita à mão. Nada se compara à sensação do papel nos nossos dedos e do gasto que lhe damos sempre que relemos as palavras uma e outra vez.

Com a tecnologia veio a banalidade. Banalidade das palavras. Banalidade de escrevermos uma sms e podermos reenviá-la para toda a nossa lista de contactos. Que magia há nisso? Por isso, e depois de toda esta reflexão aprimorada, resolvi escrever uma carta. Uma carta em que o remetente sou eu mesma e que sentiu ao fim de tantos anos a dificuldade e (ao mesmo tempo) a maravilha que é deixar soltar todos os meus pensamentos mais íntimos em papel. Desta vez sem opção delete. Desta vez sem querer adicionar ninguém ao conteúdo.

Claúdia

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